sábado, 5 de janeiro de 2013

[Opinião] “Lisboa no ano 2000 – Uma antologia assombrosa sobre uma cidade que nunca existiu” de Vários (Saída de Emergência)


Sinopse:

Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos, por escritores, jornalistas, cientistas e pensadores. Mergulhar nesta Lisboa é mergulhar numa utopia que se perdeu na nossa memória colectiva.

Bem-vindos a Lisboa!

Bem-vindos à maior cidade da Europa livre, bem longe do opressivo império germânico. Deslumbrem-se com a mais famosa das jóias do Ocidente! A cidade estende-se a perder de vista. O ar vibra com a melodia incansável da electricidade. Deixem-se fascinar por este lugar único, onde as luzes nunca se apagam, seja de noite, seja de dia. Aqui, a energia eléctrica chega a todos os lares providenciada pelas fabulosas Torres Tesla. Nuvens de zepelins sobem e descem com as carapaças a brilhar ao sol. Monocarris zumbem por todo o lado a incríveis velocidades de mais de cem quilómetros à hora. O ar freme com o estímulo revigorante da electricidade residual. Bem-vindos ao século XX! Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos, por escritores, jornalistas, cientistas e pensadores. Mergulhar nesta Lisboa é mergulhar numa utopia que se perdeu na nossa memória colectiva.

Ficha Técnica:

Chancela: Saida de Emergência
Coleção: BANG
Data 1ª Edição: 18/01/2013
ISBN: 9789896374778
Nº de Páginas: 438
Dimensões: [160x230]mm
Encadernação: Capa Mole

Opinião:

O desafio foi lançado por João  Barreiros há mais de um ano atrás na revista Bang!. E o resultado está bastante interessante. O livro foi apresentado no Fórum Fantástico do ano passado e já se encontra em pré-venda no site da Saída de Emergência. “Lisboa no ano 2000 – Uma antologia assombrosa sobre uma cidade que nunca existiu”  conta com catorze autores para além do João Barreiros: AMP Rodriguez, Ana C. Nunes, Carlos Eduardo Silva, Guilherme Trindade, João Ventura, Joel Puga, Jorge Palinhos, Michael Silva, Pedro Afonso, Pedro Martins, Pedro Vicente Pedroso, Ricardo Correia, Ricardo Cruz Ortigão e Telmo Marçal.
A obra, em si tem um fio condutor, as histórias têm uma certa harmonia, apesar de terem sido escritas por autores diferentes. As ilustrações são adaptadas aos contos e com o mesmo estilo utilizado no início do século passado, o que as torna ainda mais aliciantes.
Um pormenor interessante é a forma como as biografias dos autores são apresentadas. Todas têm um pouco de humor e são originais.
O único ponto negativo a apresentar é o facto de não haver concordância no acordo ortográfico de todos os contos.
O livro é-nos apresentado como uma aula de escrita criativa.
O primeiro conto “O que Escondem em Abismos – 1ª Parte: O Turno da Noite” é da autoria do João Barreiros. Este foi publicado originalmente na revista Bang! da editora para a apresentação da antologia e para servir de inspiração e ponto de partida para os autores portugueses que se sentissem tentados a participar. João Barreiros introduz-nos num mundo que nos é estranho, um pouco surreal até. Mas consegue fazê-lo credível. Ao ler este primeiro xonto somos levados para um outro Universo que se torna real na nossa imaginação.
O segundo conto “Venha a mim o Nosso Reino” de Ricardo Correia, o que salta à vista é a experiência em banda desenhada do autor. Com uma linguagem visual e com uso de técnicas muito em voga no registo da BD. O conto em si é original, apenas o ínicio não faz lembrar os autores do século XIX.
O terceiro conto da autoria de Jorge Palinhos é entitulado, “Os Filhos do Fogo”. É uma ideia muito interessante e com um desenvolvimento imprevisível. O início desta de imediato o interesse e a curiosidade. Foi uma excelente ideia e algo que facilmente poderia ter sido escrito por um autor do século XIX com os receios que sentiriam face à tecnologia.
“Dedos” de AMP Rodriguez aborda um tema que ainda é actual nos dias de hoje. Um pouco chocante. Gostei da referência ao clão que é muito utilizado no norte. O final em aberto permite ao leitor a liberdade de imaginar.
Carlos Eduardo Silva escreveu “AS duas caras de António” que é um conto com um desenvolvimento rápido e que nos faz torcer pelo mau da fita. O autor apresenta uma linguagem apropriada à época. Com uma reviravolta interessante.
Ana C. Nunes, no seu conto “Electrodependência”, apresenta um novo problema relacionado com a electrcidade e os seus efeitos nos seres humanos. É um drama humanos, com um final bastante interessante e realista.
O oitavo conto é da autoria de Ricardo Cruz Ortigão, “Nanoamour”, é um conto interessante, adaptado à época com uma linguagem simples e que se adqua à antologia.
“Energia das Almas” de João Ventura, é um conto cientificamente interessante. Com linguagem adquada e com um final desconcertante e imprevisível.
“Fuga” de Joel Puga é um conto muito negro, onde os escritores foram substituídos por autómatos, tem uma linguagem simples.
A segunda parte do conto  de João Barreiros está muito interessante, é muito visual. Aborda a questão dos sentimentos nas máquinas.
O décimo primeiro conto é mais um conto acerca de espiões, assassinios em massa. Este conto, da autoria de Telmo Marçal, foge de Lisboa como plano de fundo e partilha a cção entre esta cidade e o Brasil. Relembra um pouco o motivo pelo qual os índios brasileiros não foram escravizados pelos portugueses nos descobrimentos.
O décimo segundo conto, é curto directo e interessante. A sua intensidade faz com que seja divertido de ler.
O conto ”A Raínha” é um conto mais direccionado para o dia-a-dia, mas refrescante, mais terra-a-terra. Com um final brutal e excelente.
O décimo quarto conto é um tema interessante para a extinção.
No décimo quinto conto o final é previsivel. O que não impede de ser interessante.
O penúltimo conto do livro aborda o final do milénio e está muito engraçado com um twist final interessante.
O último conto é a última parte do João Barreiros, um final interessante. O maior conto da antologia e o mais original.
No geral o livro está interessante e com uma visão engraçada de um futuro que nunca existiu. Para os amantes deste estilo de literatura. Um livro de autores portugueses.


2 comentários:

  1. Olá,

    Só uma pequena correcção. O meu nome é Joel Puga, não Joel Pulga ;)

    Um abraço e obrigado pela opinião.

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